CAFÉ DA MANHÃ
O moinho do café
Mói grãos e faz deles pó.
O pó que a minh’alma é
Moeu quem me deixa só.
Fernando
Pessoa
O café da manhã, para mim, tem uma ritualística. Não consigo comer
qualquer coisa e sair cumprindo agenda. Já fiz isso muitos anos na minha vida.
Hoje, com mais tempo disponível, me reservo o direito de compor os ingredientes
do desjejum de forma quase litúrgica.
Para quem não tem o hábito de tomar café da manhã, qualquer motivo basta
para justificar o descompromisso: falta de fome ao acordar, falta de tempo,
preguiça e muitas outras desculpas. O que muita gente não sabe é que a primeira
refeição do dia ajuda-nos a ter uma vida mais saudável, com melhor desempenho
intelectual e melhor desenvolvimento no trabalho. O café da manhã tem a importante função de repor a
energia que foi gasta durante o sono. Além disso, estudos indicam que realizar
o café da manhã ajuda no controle da ingestão alimentar durante o dia,
auxiliando no equilíbrio do peso. Os nutricionistas dizem muito
mais, compõem receitas para o café da manhã, mas bom mesmo é o básico: o
pão fresquinho da padaria da esquina, a manteiga da feira e ao menos uma fruta –
a banana tem unanimidade na maioria dos lares. Açúcar, gosto do mascavo, também
da feira.
O cheiro do café passado estimula o cérebro, instiga a
alma. Tem algo mais saboroso que o café fresquinho? Existem muitas cafeterias
aqui em Porto Alegre e demais cidades do estado e país – gosto muito de
frequentar! Mas nada supera o café
passado na nossa cozinha de manhã cedinho. O aroma enche a casa e o nosso ânimo
para enfrentar o dia ganha um salto de qualidade. Ele vai além do hábito da manhã, além da energia extra e das
horas pesadas de trabalho. O café também serve para confortar a alma.
Nosso poeta das coisas simples, Mário
Quintana, assim poetizou:
O café é tão grave, tão exclusivista, tão
definitivo
que não admite acompanhamento sólido. Mas eu o driblo,
saboreando, junto com ele, o cheiro das torradas-na-manteiga
que alguém pediu na mesa próxima.
que não admite acompanhamento sólido. Mas eu o driblo,
saboreando, junto com ele, o cheiro das torradas-na-manteiga
que alguém pediu na mesa próxima.