domingo, 22 de novembro de 2020

 

AMIGO É COISA PRA SE GUARDAR

 Quem tem um amigo nunca está só. Um amigo cúmplice, honesto, companheiro, verdadeiro. Aquele que estará ao teu lado no pior momento da tua vida, quando você está no fundo do poço e principalmente sem dinheiro. Já ouvi muitas histórias de pessoas que quando estavam com os bolsos cheios, tinham muitos amigos, depois foram à bancarrota e os amigos todos sumiram.

Você pode ter centenas ou milhares de contatos nas redes sociais, mas por favor, não chame de amigos, são apenas contatos. Amigo mesmo não passam de uma mão de dedos.

O verdadeiro amigo, te ama em qualquer situação e condição. Não te abandona nunca. São escassos, mas especiais. Talvez especiais, justamente por serem escassos.

Eu tenho um amigo especial que me dá orgulho, por quem eu tenho todo o apreço e o maior amor. E uma amiga também! Não vou citar nomes, eles sabem.

Mas essas amizades especiais não invalidam outras, mais superficiais, com quem também trocamos prosa e energia. Eu tenho umas outras duas ou três pessoas, que talvez não me deixassem no relento caso eu carecesse.

 Resolvi escrever sobre amizade hoje, justamente porque precisei do socorro de um amigo, companheiro de longa jornada. E olha que faz tempo que não nos vimos, só por chamada de vídeo de vez em quando. Eu, precisando pedir ajuda, me vi um tanto perdida, desnorteada, este é o termo. Sem saber a quem recorrer, lembrei-me Dele. Não hesitei em pedir socorro. E a mão dele me salvou.

A minha amiga também me socorre sempre que preciso, principalmente falar dos meus dissabores.

Bem disse Milton Nascimento na sua Canção da América: ‘amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves, dentro do coração’.

Meu amigo de longa data, de jornadas difíceis e ao mesmo tempo inesquecíveis, te guardo para sempre no meu coração, com muitas chaves, mas onde você sempre terá acesso. Você sabe que é para você que dedico este texto!

sábado, 31 de outubro de 2020

 

PASSAGEM

No vocabulário, passagem é o lugar onde se passa, passadouro. E é nesta condição, de passageiros, que estamos aqui na terra, numa experiência ímpar. Hoje, enquanto fazia minhas vinte voltas na pista da praça, que ao final somam 4km, eu vi um bando de caturritas descer das árvores buscando alimento no chão, decerto minhocas e outros bichinhos deliciosos. Estava abafado e suei bastante. Antes de eu findar meu percurso as caturritas voltaram ao topo das árvores, imagino que satisfeitas. A passarada canta muito e tem um sabiá que todo dia canta uma mesma nota, em quatro tempos: Lá, lá, lá, lá. É eu chegar na praça e já ouço o tom em Lá maior.  Isso me faz lembrar que tenho que treinar no meu teclado.

Depois de uma hora de caminhada, chego em casa e faço alongamentos. Tudo isso demanda tempo e energia. Deitada, alongando, olhei o céu pela janela aberta e lembrei do infinito, do ar, do mar, da nossa passagem pela terra. É tão bom viver, mas não deve ser tão ruim assim morrer. Despir-se do corpo material, e nesse ‘nudismo’ deixar cair por terra todos os problemas que nos afligem; a necessidade de alimentar o corpo, de mantê-lo saudável; a obrigação de trabalhar para nosso sustento; a dificuldade de administrar conflitos familiares e de outras convivências; o dever de evoluir.

Diante dos séculos e milênios da existência humana neste planeta, o tempo da nossa passagem por estas bandas, por mais longo que seja, vira segundos. E ai de nós se não aprendermos cedo aproveitar a ocasião. A hora derradeira chegará para todos. Para alguns de forma trágica, para outros de forma natural, para uns em tenra idade, para outros na velhice. O traspasse é inexorável.

Acabo meus exercícios certa de que o passamento não deve ser algo tão adverso, principalmente quando se tem certeza que do outro lado da passagem, para todos nós, há um plano diferenciado daqui e que se desenrola de acordo com nossas ações.

 E é nesse inquietamento que acabo minha manhã, empenhada em fazer o melhor que posso para quando chegar meu ensejo, eu estar pronta para merecer o bilhete de ida para uma melhor.

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

 

ROSÁRIO

Numa tarde de sexta-feira de inverno, recebi em casa aquela mulher. Corpulenta, de cabelos longos, espessos e escuros.  Entre trocas de sorrisos e abraços, convidei-a para sentar. Iniciou seu trabalho de manicure e nesse meio tempo, servi um chá para nós. Enquanto ela tirava os apetrechos do nécessaire, meus pés ficaram de molho na bacia de água morna.

Entre chás e cutículas, foi discorrendo intimidades. Ela me contava, com muito pesar, os descalabros do marido. Conhecera ele há vinte e quatro anos atrás, numa fábrica onde ambos trabalhavam; que se apaixonou logo e um mês depois, cheia de malas, ela se foi ao encontro dele para ficar; que alguns da família dele disseram: ‘filha, você é tão jovem e bonita, fica aqui não, volta para sua casa’. A mãe, a amiga, a vizinha... todas alertaram da aventura em que estava se colocando. Ela não ouviu ninguém, estava obstinada por morar com aquele homem. Logo veio uma filha, e já foi o tempo suficiente para aperceber-se do equívoco consumado. Tentou voltar para a casa dos pais, mas o homem foi atrás e a trouxe de volta. Engravidou do segundo filho, e as exiguidades só aumentaram. Ela ralava no trabalho da casa e o homem na boemia, cachaça, jogo e mulher, costumes próprios daqueles machos ribeirinhos. Vieram outros filhos e mais adversidades. Eram palavras de rebaixamento, maneiras egoístas, joguinhos emocionais... Junto com os anos que passaram, o corpo se transformou, os desgostos se multiplicaram, a autoestima zerou. O sofrimento foi enlutando seu coração e ela sustentava toda a dor daquele relacionamento abusivo. Agora, ‘fazia unhas’ para ter seu dinheirinho, porque ele colocava o pouco que ganhava na farra... e desatou em um choro só!

As lágrimas rolaram no seu rosto, desaguaram entre nossas mãos e desembocaram na bacia que molhava meus pés, e ali se diluíram. Foi um momento de comoção. Eu não sabia direito o que fazer, se confortava, se oferecia um copo d’água, se rezava, ou me aliava àquela tristeza toda e chorava também. Pude perceber o quanto aquela mulher, fisicamente forte, estava quebrada por dentro, frágil, desabrigada da vida e de si.  Amparei com as palavras de apoio que consegui produzir naquele momento doído. Era uma mulher como eu, guerreira, com seus dilemas e penas. Achei melhor parar o trabalho, servir mais chá.  Fiz mais, cortei um pedaço do bolo de milho quentinho que eu recém tinha tirado do forno e coloquei para nós. Mostrei interesse em ouvir, acolher, orientar.

Lá fora, o vento sudoeste soprava da Lagoa, sacolejando as vidraças, sinalizando mudanças. Nós duas, assim ficamos, tarde a dentro, desfiando nosso rosário da paixão, compondo sorrisos e tecendo projetos de liberdade.  

sábado, 26 de setembro de 2020

 

SURPRESA DE ANIVERSÁRIO

 

Naquela manhã de setembro acordei de humor nada bom. Era meu aniversário de cinquenta e sete anos. Estava envelhecendo e o tempo escorrendo como azeite pelas minhas mãos. No meio de uma pandemia, com uma protrusão me incomodando a lombar, fazendo fisioterapia, tendo que tomar hormônios, cálcio, colágeno, vitamina D e outro escambau de remédios, não consegui encontrar muitas razões para estar lépida e faceira. Minha sobrinha havia dito que faria o almoço, já me senti melhor em poder ficar longe da cozinha. Voltei da fisioterapia e fui pegar meu marido no trabalho. Ele perguntou como estava o dia do meu aniversário. Eu respondi com outra pergunta: e o meu presente?  Ele: tu já recebeste muitos presentes. Eu: é por isso que os casamentos acabam e depois não se sabe o porquê.

Entramos em casa e minha sobrinha já estava com uma moqueca de tilápia prontinha, exalando um cheiro gostoso na minha cozinha. Amei ela naquele momento e odiei meu marido porque ele é quem deveria estar na cozinha no dia do meu aniversário. Mas isso era exigir demais dele que não tem aptidões culinárias. Sempre tive inveja de mulheres cujos maridos são verdadeiros ‘mestre cuca’. Porém nada é perfeito e ele tem muitas outras habilidades e qualidades.  

Eu tinha feito um bolinho de milho e convidado apenas a Vivi, minha amiga e vizinha para tomar um cafezinho comigo depois das 14h. Meu marido almoçou e saiu logo, apressado, minha sobrinha também parecia preocupada e enquanto eu lavava a louça do almoço ela começou a arrumar a mesa para o café. Pegou as melhores louças e colocou quatro jogos na mesa. Não entendi, porque era só eu, ela e Vivi. Ela disse: o Ale (marido) também vai vir. Estranhei porque ele nunca vinha tomar café quando eu estava com alguma amiga em casa.

Nisso toca a campainha, minha amiga tinha chegado. Ela me abraçou e me deu um conjunto de sombra para os olhos, bem como eu precisava. Nisso minha sobrinha entra em casa com uma Pavlova linda (é um bolo feito só com claras de ovos e cobertos com frutas vermelhas – delícia). E nesse mesmo instante meu marido chega com um pacote enorme nas mãos e um buquê de flores. Só então me dei conta que estava tendo uma surpresa de aniversário. Ganhei dele um teclado, que ele me prometera há tempos, mas eu já nem contava mais com isso.

Sentamos todos na mesa e saboreamos o bolo com café e bela prosa. Assim, o dia dos meus cinquenta e sete anos foi muito mais prazeroso do que eu pensava. Acabei o dia bem feliz, com pessoas que amo, só faltou meu filho, amor maior que mora longe.

Por isso a gente sempre deve ser otimista com a vida e com as pessoas, porque elas podem nos surpreender súbita e docemente, transformando nossos dias para melhor. Obrigada pelo carinho, meus amores!

 

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

 

COMPLETUDE

Particularidade, característica ou condição daquilo que é ou se apresenta de modo completo; perfeito. Isso é completude! Tal definição deve nos fazer lembrar do nosso estado de espírito, do nosso interior e também das circunstâncias. Como nos sentimos hoje? Em relação à vida profissional, amorosa, espiritual...

Eu não hesito em dizer que não me sinto completa. E acredito que boa parte da humanidade também não. Isso parece variar conforme o tempo. Há fases da vida da gente que a completude se apresenta plena (não sei se não estou falando uma cacofonia). O que quero dizer é que a gente passa por várias etapas, e tem períodos que estamos bem, felizes por quase nada. Enquanto em outras fases parece que o chão se abre sobre nossos pés e mergulhamos num buraco negro, num beco sem saída, num poço sem fundo, num caos!

Nos últimos anos tenho passado por momentos que eu mesma tenho dificuldade para definir. Todos meus atos necessitam de um esforço quase sobre humano da minha parte: levantar, começar o dia, ir ao mercado, à feira, ao trabalho que é o mais difícil. A vida social que antes já era escassa, agora zerou total. E eu me sinto mergulhada num grande precipício, pendurada por uma corda elástica, às vezes estou lá embaixo, às vezes a elasticidade me puxa para cima. Não caio, mas também não saio!

Em outros tempos só de ver a amoreira cheia de folhas e frutos na minha janela e os sabiás cantando com a chegada da primavera, já me enchia de uma alegria até boba. Hoje o sentimento é outro, quase neutro. Coloco toda esta apatia na conta da menopausa, que tem me trazido tormentos nunca imaginados.

Não sei se isso acontece com vocês também, meus queridos leitores. Podem abrir seus corações comigo, afinal estamos vivendo um tempo em que abraçar não dá, beijar nem pensar, tudo é feito com distanciamento. Falar sobre nossos sentimentos pode ser uma boa saída terapêutica para nossa angústia e solidão.

Talvez eu esteja discutindo sobre coisas que você não sente, mas um outro se reconhece como eu. Porque não é possível que esta sensação de incompletude só acontece comigo?

O que posso dizer é que tenho me empenhado muito para obter o mínimo de completude nesses dias. Escrever ajuda muito, porém, como dizia um amigo, eu me saboto e não escrevo. Serei teimosa e pessimista com a vida?

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

 

SÓ UMA SAIDINHA

Numa casa pequena e pintada de verde, a quarta depois da minha, no outro lado da rua, reside Dona Helena. Ela mora só e em seu jardim tem muitas árvores, flores e um belo gramado. Ela tem oitenta e poucos anos e adora passear de ônibus. Também gosta de conversar com a vizinhança, tomar café e fumar um cigarrinho.

Desde que iniciou a pandemia eu a percebo saindo, meio que cismada, beirando muros, rumo ao mercado da esquina, e mais, sem máscara! Quando a gente cumprimenta, ela responde com um sorriso nos olhos, e já vai justificando que precisa comprar umas coisinhas no mercado; que acabou esquecendo da máscara, mas é rapidinho, só uma saidinha de cinco minutos.

Ela é uma criatura encantadora, nunca a vi se lastimar de nada. Na época que ainda se podia abraçar e beijar, sempre que me via, dispendia o seu melhor abraço e perguntava: - e o filho, como vai? Ela não teve filhos.

Também devido à pandemia, o cartão de passageira, que lhe dá o direito de andar de ônibus gratuitamente, foi bloqueado, tendo em vista um decreto municipal para evitar que muitos idosos andem de ônibus em horários de pico e acabem se contaminando. Nesses dias então, dona Helena tem estado inquieta, anda pela rua de um lado para o outro, ou então para no seu portão atacando os transeuntes puxando uma prosa.

Hoje, saí para caminhar, e como é de costume, lá estava Dona Helena, andando rua afora, sem máscara, descumprindo as ordens sociais, fumando seu cigarrinho, dissimulada e feliz, ostentando sua maturidade, plena de uma saúde invejável. Não tive coragem de chamar sua atenção, ao contrário, adiantei-me e eu mesma dei a justificativa: - só uma saidinha, né Dona Helena?

 

segunda-feira, 27 de julho de 2020


VIDA QUE SEGUE

Estamos no final de julho. O inverno insiste com sua presença distinta, principalmente aqui no Sul do nosso país. Em função da quarentena acabamos não saindo mais de casa, a não ser para fazer coisas básicas, essenciais, como supermercado, farmácia, médico. Mas com esse tempo frio e chuvoso, não poder sair de casa nem é tão ruim assim, e a tão malfadada quarentena se torna quase uma benção.
As tardes rolam soltas, regadas a café ou chá quente, leituras, música, e outras mordomiazinhas que gostamos de nos dar. Quem pode se dar esses luxos, deve agradecer aos céus, porque tem muita gente que não tem nenhum conforto, nem casa, nem café quente, nem comida, nem teto. E essas diferenças da humanidade sempre me inquietaram. Muito militei pela igualdade de classes, pela divisão justa da riqueza, por um mundo melhor. Hoje essas crenças ainda latem dentro de mim, porém com menos obstinação. O tempo nos faz maduros e realistas demais. Nossos sonhos ficam um tanto dormentes. Não sei até onde isso é bom ou ruim – tenho dúvidas!
Mas voltamos à tarde de inverno aqui em casa. Tenho algumas ações para fazer. Os documentos estão sobre minha escrivaninha há quase um mês, olhando para mim, atiçando minha conduta, porém me extravio entre outros afazeres, leituras, vídeos... A disciplina foi para o brejo e não encontrou caminho de volta. Fico eu perdida em pensamentos e condutas, desviada do foco. Já me perdi do caminho para Ítaca. Mas isso não importa. Não quero apressar a viagem, só quero sorver este café recém passado, olhar a amoreira da minha janela que já está cheia de folhas e pequenos frutos verdes. A única certeza que tenho é que em breve, com o primeiro calorzinho que der, ela se fechará toda em folhas e frutos maduros, e os pássaros voltarão, cantando, produzindo ninhos, parindo filhotes. São as belezas do caminho. É a vida que segue.

sexta-feira, 29 de maio de 2020


TARDE DE QUARENTENA

Nessas tardes longas de quarentena, tenho estado melancólica, saudosa do meu filho, das minhas amigas e de outras tantas coisas. Em casa sempre há o que se fazer: uma roupa para lavar, outra para estender, varrer o pátio, limpar o chão, cozinhar, assar um bolo, fazer um creme... escrever, ler, assistir um filme ou série. Mas nada se compara àquele abraço apertado recebendo uma amiga que vem dividir um café com prosa.
Semana passada resolvi ligar para algumas amigas, convidando, timidamente, se não se importariam de vir me ver, afinal estou me cuidando, só saio com máscara, uso álcool em gel todo tempo, não tenho sintomas.
Uma das mais queridas, ousadamente aceitou meu convite. Às 16h ela me chamou no portão. Coloquei a máscara e fui recebê-la. Ela também usava máscara. Abri a porta e passei a mão no álcool, lavamos as mãos juntas e só então nos abraçamos longamente. Foi o melhor abraço que troquei nos últimos meses, longo e carregado de afeto.
Passei um café, enquanto ela me contava da última viagem para Portugal, onde se escapou ali, conseguindo embarcar de volta quando já alguns aeroportos estavam cancelando voos por causa da pandemia. Conversamos sobre amenidades, rimos, nos distraímos. Só tiramos as máscaras para tomar o café e comer o bolo de milho. Fora o caloroso abraço inicial, não nos tocamos e nos mantivemos há um metro de distância.
Foi uma tarde tão valiosa que não consigo nem definir. Pudemos quantificar a essencialidade da presença humana nas nossas vidas. Ter alguém para tomar um café, conversar, abraçar, não tem preço, é algo divino! 
Depois de uma hora e poucos minutos ela se foi. Novamente nos demoramos num abraço apertado e nos contaminamos de amor e energia!

terça-feira, 21 de abril de 2020


O ANO QUE NÃO COMEÇOU

Como é de costume, na passagem de um ano para o outro, tem toda aquela ritualística: se comemora o Natal, a virada do ano, vem as férias escolares, e do trabalho dos que ainda o tem.
A passagem de 2019 para 2020, já começou diferenciada, sem horário de verão. Muitos gostaram, outros abominaram, afinal há mais de 20 anos já era costume este ato de adiantar os relógios em uma hora.
Quem saiu de férias em janeiro conseguiu gozar bons dias. Em fevereiro, já se começou a ouvir ruídos distantes, vindos da China, sobre um vírus que estava matando pessoas em Wuhan. No começo parecia algo remoto, restrito àquela província, àquele país. Nesse meio tempo tivemos nosso carnaval, que encheu as praias, as ruas, os salões... todo mundo brincando feliz!
Passada a folia carnavalesca, tivemos notícia do primeiro caso importado do novo coronavírus, para o Brasil. Nesse período também, teve a retirada de 40 brasileiros que moravam na China, trazidos de volta num avião da FAB, ficando em   quarentena em Goiás.
No meio disso tudo, a enchente em São Paulo e Minas Gerais, a estiagem na região sul. A reforma da previdência, a reforma trabalhista, a reforma administrativa e tributária... mal faladas e trancadas no foro da política.
Voltando ao coronavírus, foi em curtíssimo tempo que se transformou em pandemia, intitulado Covid19. As autoridades da saúde mundiais e locais decretaram o isolamento social para evitar sua expansão. Já estávamos dentro de março, o comércio e escolas fechados, portanto pais e filhos em casa, as pessoas reclusas, fora dos seus trabalhos, gente morrendo nas UTIs dos hospitais que na sua maioria não dão conta da demanda de doentes. Tudo o que todos já sabem!
Tenho a severa impressão que o ano de 2020 ainda não começou. Dá um mal-estar, pensar nessa conjuntura toda: instabilidade social, política, econômica. Uma realidade sombria, que eu não gostaria de estar descrevendo aqui, mas é o que temos.
Eu ainda estou na expectativa otimista que o 2020 comece de uma vez, trazendo na brisa suave das manhãs de outono, a saúde para o Brasil e o mundo, e podermos todos sair correndo rua afora, sem máscaras, confinando amigos e familiares dentro do nosso mais fraterno abraço.