sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

agenda depois dos cinquenta


ESPERANÇA

Neste meio de dezembro, caminho curto ao final do ano, me veio em mente a necessidade de falar sobre esperança. Talvez porque a virada de ano traz consigo toda uma carga de expectativas. Me parece que a palavra esperança é o que melhor define esta passagem do tempo.
Esperança é uma crença emocional na possibilidade de resultados positivos relacionados com eventos e circunstâncias da vida pessoal. É também uma das 3 virtudes teologais do Cristianismo (Fé, Esperança e Caridade). Essa virtude nos ajuda a desejar e a esperar tempos melhores em nossa vida aqui na terra e a ter a certeza de que alcançaremos a vida eterna no outro plano.
A origem desta palavra vem do latim, derivada de ‘spes’, que tem o significado de ‘confiança em algo positivo’. Esta palavra latina também deu origem ao verbo SPERARE, que por sua vez, deu origem ao nosso ‘esperar’, ter esperança!
A esperança requer uma certa perseverança. Acreditar que algo é possível mesmo quando tudo indica o contrário. Exige uma dose diária de muito otimismo, ainda mais no momento que estamos passando agora, uma fase de conjuntura nacional e mundial obscura.
O tempo é feito de esperas. Algumas serenas, outras angustiantes, dependendo do espírito de cada um. A grande sacada é não desesperar jamais.
O poeta Augusto dos Anjos, num único verso, define, ao meu ver, o que melhor se pode dizer sobre a esperança:
A Esperança não murcha, ela não cansa,
Também como ela não sucumbe a Crença,
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança.


Que em 2020 todos nossos sonhos se renovem e voltem firmes nas asas da Esperança. 

sexta-feira, 15 de novembro de 2019


VÉSPERA DE FERIADO

A tarde está acabando e o movimento no trânsito aumenta na mesma medida que os escritórios, lojas e casas se esvaziam. Saí do trabalho mais cedo, como noventa e nove por cento das pessoas, agitadas pela ânsia do feriadão. Todos correm com seus automóveis para pegar a estrada rumo ao litoral, interior, ou a lugar algum. Esta cinesia me causa efeito contrário. Chego em casa, dou ração para o meu gato, coloco tênis e roupa adequada para correr.
Caiu uma boa pancada de chuva e depois o sol arrematou o dia com suas nuanças alaranjadas. Os pássaros chegam em revoada para aproveitar as árvores desocupadas. As flores cheias de preguiça, caem do alto das copas, formando um tapete colorido na relva úmida. As formigas também folgaram, exceto algumas obstinadas pelo trabalho, solitárias, com suas cargas pesadas e supérfluas, caminhando atrapalhadas rumo às suas furnas.
O arvoredo agradece aos céus pela água derramada. Silenciosas, as árvores com seus troncos antigos e galhos longilíneos, gozam o mormaço de fim de tarde com o mesmo sossego dos espíritos brandos.
Com a cidade vazia, a natureza se excede. É prazeroso contemplar esses momentos que poucos veem.
Eu sigo no meu trote, observando tudo e pensando em nada, suando minhas angústias, exalando réstias de felicidade. Sigo sempre, em frente, enquanto o ar morno me tapeia as faces..., mas não tenho certeza se depois do feriado serei feliz de novo.

quarta-feira, 6 de novembro de 2019


SINTONIA

No meu bairro tem muitas árvores frondosas, especialmente na praça, que não é apenas uma pracinha com brinquedos para crianças. É bem mais! Tem uma pista de caminhada ou corrida de duzentos metros, muito gramado e árvores antigas de várias espécies, como o ipê roxo e o amarelo. Diariamente é neste local que faço caminhadas e meditações. Assim como eu, várias pessoas por ali circulam, caminhando, correndo, levando seus pets para passear, ou simplesmente sentados num banco tomando chimarrão ou sol, lendo, conversando.
Também há várias espécies de pássaros: bandos de caturritas, sabiás, bem-te-vis, rolinhas, que seguidamente voam dos galhos para comer minhoquinhas e outras guloseimas que se encontram entre as gramas.  São mansinhos e nem se importam com as pessoas e cães que ali transitam. Minhas caminhadas são o impulso que necessito para enfrentar os dias e suas contingências. É através do suor que alivio minhas inquietações.
É um alento ouvir os pássaros gorjeando, as árvores balançando e também as formigas, sim, as formigas, sempre na labuta. Cuido para não pisar nelas quando estão em trilhas, carregadas de folhas e gravetos, atravessando a pista.
Será que todos que ali circulam percebem essas delícias que a natureza nos proporciona? Acredito que sim, que todas as pessoas se sentem gratificadas com a exuberância e simplicidade que esse espaço nos proporciona. E num ataque de felicidade qualquer, abraço uma árvore, sinto seu cheiro peculiar, sua espessura nas minhas bochechas, sem me importar de alguém me achar desvairada. São meus devaneios simbólicos, minha expressão de sintonia e correspondência com o universo.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019


AMIGAS

Os velhos clichês ‘amigos de verdade a gente conta nos dedos’ ou, ‘quem tem um amigo nunca está só’, são realmente insuspeitos. Nós, mulheres, sempre temos aquela amiga única, autêntica e verdadeira. A amiga com quem compartilhamos nossas mais próprias intimidades. É ela que nos recebe no meio da tarde, num encontrinho rápido, mas com tempo suficiente para ouvir desabafos recíprocos, trocar risos e lágrimas, entre um e outro cafezinho. Ela é especial para nós, é mais que cúmplice, é terapeuta, conselheira, curandeira...
Quando se trata de falar da família e dos filhos, é com ela que barganhamos queixas e distribuímos elogios, assim como se fala da cor do cabelo; da unha que não deu tempo de fazer; da última base com filtro solar que além de boa textura, está no mercado com preço popular, das dores e das rugas. Conversamos também sobre os quilinhos a mais e das múltiplas e fundamentais manobras para se equilibrar na balança. Trocamos receitinhas de comida fitness, e ao mesmo tempo dividimos um chocolate meio amargo junto com o café, afinal ninguém é de ferro, além do mais chocolate é bom para o coração!
E o melhor de tudo, é que esta amiga fiel e autêntica chega na nossa vida de modo extemporâneo. Ela pode surgir no trabalho, num encontro de mães ou numa festa do colégio dos filhos, num jantar de negócios, nas redes sociais, na academia...
Se você precisa fazer aquele exame médico ou cirurgia que exige um acompanhante, e não tem nenhum familiar disponível, pode acreditar, a amiga não irá falhar. Estará na escolta desde a chegada até a saída.
O relacionamento entre amigas é sentimento profundo de lealdade, reciprocidade e proteção. São aqueles anjos que nos deixam em pé quando nossas asas têm problemas em se lembrar do voar. Tornam nossas vidas mais brilhantes e felizes.  E quando estivermos bem velhinhas, sem mais nenhuma ‘utilidade’, a verdadeira e única amiga estará lá, até o fim.

sexta-feira, 4 de outubro de 2019


VIZINHOS
Com os ventos da primavera, as poucas folhas e galhos secos que o inverno deixou nas árvores, caem e se esparramam. Hoje, ao sair pra caminhar, vi minha vizinha varrendo o pátio, juntando as folhas e poeira da calçada. Parei pra cumprimentá-la. Afinal é minha vizinha de frente, mas passamos semanas, até mesmo meses sem nos ver.
A compreensão de vizinho mudou nas últimas décadas. Na minha infância, no interior do estado, nosso primeiro vizinho morava a um quilômetro de distância. E a gente se visitava semanalmente. Muitas vezes mais de uma vez por semana, de dia ou de noite. Quando se precisava de alguma coisa emprestada, podia ser uma xícara de arroz, um pouco de farinha, erva para o chimarrão... sempre tinha o vizinho para socorrer. Quando uma das famílias abatia um animal, compartilhava um pouco da carne com os próximos, porque não se tinha refrigerador e, portanto, não se tinha como armazenar produtos perecíveis. O vizinho, obrigatoriamente, tinha que ser o melhor amigo. Ter contendas com os vizinhos estava fora de cogitação, pois sem telefone, sem condução, o primeiro vizinho era sempre a melhor opção.
Hoje, principalmente nos centros urbanos, vizinhos nem se conhecem. Cada um no seu trabalho, na sua casa, nas suas miudezas. E a amizade, a cordialidade, solidariedade, cara a cara, porta a porta, resta minguada. Meu outro vizinho me passou seu contato das redes sociais e é por esse canal que nos comunicamos, eventualmente, às vezes apenas por ‘emojis’ ou ‘emoticons’.   Seria bem mais amigável e civilizado eu ou ele atravessar a rua e conversar no portão, fosse para assuntar sobre o resto da vizinhança, ou saber como está a saúde um do outro.
 Pois é, não se fazem mais vizinhos como antigamente!

sábado, 31 de agosto de 2019


SOB PROTESTO

Num dia desses, amanheci com cinquenta anos. A partir daí minha vida nunca mais foi a mesma. Tudo foi acontecendo de forma gradual, a pele menos vistosa, exibindo marcas do tempo; a testa branqueou de forma meteórica e o afinamento da fibra capilar causado pela diminuição da elastina e do colágeno é a prova cabal que os cabelos também envelheceram, um tanto pela genética, outro pelas tribulações passadas vida afora. Os músculos perderam boa parte da tenacidade e se não os exercitar depauperam de vez. As rugas no rosto e colo são o irrefutável indício da eminente derrocada. Junto da falência ovariana os fogachos se instalaram sem trégua e a sudorese noturna, unida com a insônia, abraçaram-se em mim com asas de morcego. 
Depois desse impacto, a passagem dos anos parece que transcorre muito mais rápida que antes e a evidência da finitude torna-se deliberante.   Busquei socorro na terapia, medicamentos, chás, hobbies... todas alternativas válidas, mas não existe cura para a velhice. Mesmo mantendo a alimentação manejada, ganhei quilos que nunca foram meus, e não sei para quem devolver. Logo eu, que sempre tive um apetite apurado e um metabolismo veloz, agora até cheirar a comida me engorda. A cintura sumiu e os clássicos ‘pneus’ instalaram-se com escritura de posse definitiva, sem direito à contestação. Não, não tenho dinheiro e nem coragem para impetrar recurso de procedimentos estético-cirúrgicos.   Esta é a veracidade dos fatos!
Por outro lado, há vantagens em envelhecer, afinal é a continuidade da vida, com mais experiência e tolerância. Atualmente, com avanços na ciência, novas tecnologias e programas voltados ao público longevo criaram-se boas expectativas. Atividades socioinclusivas de lazer, desportos e voluntariado, e outros tantos programas voltados para a terceira idade, faz a turma idosa ser mais feliz e saudável. Mas não posso concordar com as assertivas hipócritas como ‘a melhor idade’, ‘a beleza da velhice’.  Essa experiência vital até pode ter um conceito interessante, talvez bela. De resto onde encontrar beleza na velhice? Na incontinência urinária? Na hiperplasia prostática? Na míngua capilar? Nas manchas escuras nas mãos e nas irrupções cutâneas? No meu entendimento pessimista, lógico, esses termos além de hipócritas são paliativos para nos enganar e não morrer de tédio. A única vantagem de envelhecer é que não morremos cedo, mas de resto é só ladeira abaixo, sem volta.
E mais, o que fazer com a experiência e sabedoria adquirida vida afora? Passar para os filhos e netos? Eles só vão valorizar quando e se experimentarem a própria velhice! Isso sem falar que a memória pode nos trair e nem lembramos das vivências experimentadas.
Quero me dar o direito de contraditar a velhice e todas as alegações paliativas e politicamente corretas que os modernos encontraram para suavizar sua implacável verdade.  Como diz a Zaira, uma amiga querida, “ENVELHEÇO SOB PROTESTO”.

sexta-feira, 19 de julho de 2019


MUDANDO TRAJETOS

Há tempos que faço minhas caminhadas e corridas na mesma pista da praça do meu bairro, ou então na beira do Guaíba.  Quando fico no Rio de Janeiro, na região dos Lagos, faço na Orla do lado direito da lagoa Araruama e quando estou no Rio capital, no calçadão de Copacabana. Sempre o mesmo trajeto, quase que diariamente nos mesmos horários.
Comecei a perceber que até os pensamentos se reiteram durante o exercício. São quarenta a sessenta minutos por dia, em que algo a mais se repete na minha vida. Não basta o cotidiano para o qual as circunstâncias da vida me empurraram, eu persisto com outras recorrências.
Numa dessas manhãs quaisquer de inverno, com um sol gostoso e um vento leve balançando as águas da lagoa, eu mudei o rumo. Ao invés de seguir o caminho à direita da Praça das Águas, rumei à esquerda, por uma estrada de areia, sem calçamento, estreita entre os muros dos fundos das casas acima e a lagoa, abaixo. Notei que aquele trajeto tinha menos barulho de carros e pessoas, e eu podia ouvir a entonação formada pelas ondas das águas tocadas pelo vento. E fui indo, levada por aquele clima de mansidão. Minha mente serenou e os pensamentos teimosos que me perseguem há tempos, de certa forma se diluíram ar afora.
Uma sensação de renovamento me tomou a alma. Vi novas paisagens, novos sons e cheiros. Consequentemente os sentimentos também se transformaram. Foi uma manhã diferente porque assim eu a fiz.
Quando nossa vida anda meio sem motivação, sem novos desenhos, é bom a gente mudar a direção, dos passos, do olhar, dos sentidos. Talvez você se surpreenda com as novas impressões.  

sábado, 29 de junho de 2019


AMPARO

Do Latim ‘anteparus’, preparar antes, dispor de antemão. Termo formado por ANTE, ‘antes, à frente’, mais PARARE, aprontar, munir-se do que é necessário. Esta é a origem da palavra AMPARO, cujo significado é: apoio, proteção, abrigo, benefício, defesa, escora, socorro.
Feita a definição, escrevo o porquê resolvi dissertar sobre esta palavra, ou este tema. Há dois anos meu único filho saiu de casa, no molde americano, com apenas dezoito anos, foi voar com as próprias asas, como bom filhote de águia que é. Daí quem passou a voar do ninho fui eu, que seguidamente vou visitá-lo e fico uns tempos na casa dele. Nesses momentos que ficamos juntos, seguidamente ele me abraça forte e expressa em alto e bom tom: ‘mãe, como é bom ter a senhora aqui, me sinto tão amparado’. E foi assim, que a palavra amparo passou a ter espaço na minha memória de uma forma relevante, assim como é sua raiz e conceito.
Quando eu soube pela boca do meu filho que eu para ele significo ‘amparo’, senti-me muito mais vívida do que normalmente penso que sou. A palavra é tão concreta, que parece feita de cimento. Afinal, quando se é o arrimo de alguém, a responsabilidade de ser uma fortaleza aumenta.
E assim como eu, imagino que a maioria das mães simbolizam o mesmo para seus filhos. É no nosso amparo que eles buscam ânimo e coragem. No calor do nosso abraço é que eles aquecem a alma cheia de dúvidas; na certeza das nossas palavras é que eles encontram a direção; no nosso olhar seguro, eles buscam anuência para a caminhada. E quando tudo pode estar dando errado, é no nosso ombro que eles deixam escorrer as lágrimas mais salgadas e doídas. E lá estamos nós, sempre de esteio, com o coração estraçalhado de dó, mas com as palavras exatas que eles precisam ouvir. Quando estão precisados de aconchego, o nosso colo é o oásis onde descansam a cabeça, e nossos dedos desgrenham seus cabelos, até o último fio. As horas se distraem e o tempo perde o significado, porque nesses momentos, para as mães, só o que importa é aquietar, acalmar, aconchegar, amparar, amar!

sexta-feira, 24 de maio de 2019


TRANSIÇÃO

Tenho andado ausente do meu blog e displicente com minha escrita. Tudo bem, eu me perdoo, pois estou vivendo uma fase de transição. Muitas coisas aconteceram, outras acontecendo e muitas que virão.
Os últimos cinco anos, além de passarem muito rápido, me surgiram carregados de episódios variados. Alguns, provocaram estresse, outros, geraram porções de alegria, embora ínfimas. Passei pelo desalinho hormonal do climatério até os reveses da menopausa. Nesse ciclo deparei-me com o malogro profissional, enfrentei um transtorno de ansiedade generalizada, e tombei de vez com o ninho vazio, sem falar dos demais impactos que assolaram minhas emoções.
Nesse transicionamento deparei-me com pessoas afáveis, familiares e grupos com propósitos elevados, que contribuíram para minha reedificação interna.
Os estudiosos dizem que as coisas melhoram com o avanço da idade; que os mais velhos se alegram ao lembrar-se da independência financeira dos filhos, com a chegada da aposentadoria e o aumento no tempo para fazer atividades de que gostam. Pesquisadores também dizem que esse período traz um novo sentido de realismo, uma aceitação da vida como ela é e isso aumenta os níveis de felicidade.
Nenhuma dessas teses me convence totalmente. Não consigo fingir que estou maravilhada com a meia idade. E não me venham dizer que estou na ‘melhor idade’. Melhor idade é os vinte e poucos anos. Melhor idade é quando todos nossos hormônios estão pupulando, quando nossos músculos e ossos estão robustos; quando andamos o dia todo no salto, chegamos ao fim da tarde sem dor na panturrilha e ainda com disposição para seguir de noite numa balada com os amigos.
Para mim foi bem difícil dar a volta nessa curva. Mas como essa curva não tem volta o melhor é tocar em frente.  Parece que a graça está em atravessar essa fronteira com o mínimo de danos possível. Um fator importante é entender que embora vão haver perdas, todas podem ser compensadas. Inobstante os reveses, se bem refletidos, os cinquenta anos nos trazem uma certa tranquilidade. Afinal, quem chega aqui está na primeira década da outra metade da vida, e isso parece consolador.  
Mas não me venha dizer que servi bolinhos ou lavei os pratos da Santa Ceia, porque não me responsabilizo pelas consequências...

sábado, 9 de fevereiro de 2019


ESTAÇÕES

Tenho estado com esta palavra no meu pensamento, especialmente quando saio para caminhar na pista da praça aqui perto de casa, cheia de árvores, com pássaros e cigarras cantantes, típicos do verão.
As estações do ano são quatro: primavera, verão, outono, inverno, determinadas pelos equinócios e solstícios. É o tempo apropriado para certos plantios, são períodos assinalados por maior ou menor afluência de pessoas a determinados locais de interesse público ou cultural. Agora que é verão, por exemplo, os locais mais frequentados são as praias. E sempre é revigorante passar uns tempos próximos do mar, ou mesmo banhar-se nas águas doces dos rios e lagoas. O calor sufocante que tem feito pede este refresco para o corpo e a alma.
Mas minha estação predileta é outono. Para mim ele vai levando embora a euforia e o rescaldo do verão, e aos poucos vai trazendo um frescor gostoso e aconchegante, uma temperatura que nos permite pensar e movimentar melhor. A vida se renova e o sono melhora, enquanto a agenda começa pra valer.
Depois das folhas caídas do outono, o inverno vai tomando espaço trazendo consigo noites geladas, que pedem filme com chocolate quente e cobertor, botas, mantas e goros. Embora a vida nessa estação se retraia, ela tem seu charme especial, e os locais mais frequentados são as serras e outros onde a neve e a geada espalham sua beleza peculiar.
A primavera é a soberana da esperança, a rainha da beleza e das flores. O seu nome vem do latim primo vere, que significa “primeiro verão”.
Assim nossa vida também é feita de estações, metamorfoses, contrastes. Reconhecer a singularidade de cada etapa e vivê-la conforme o clima dita, é uma arte.  E cada verão vencido, com sua luz que amplia a nossa visão, aquecendo nossos projetos para o outono,  iluminando nossos passos  e nos tornando fortes para o próximo inverno,  é a prova da vida que prevalece até a vitória final.