sexta-feira, 19 de julho de 2019


MUDANDO TRAJETOS

Há tempos que faço minhas caminhadas e corridas na mesma pista da praça do meu bairro, ou então na beira do Guaíba.  Quando fico no Rio de Janeiro, na região dos Lagos, faço na Orla do lado direito da lagoa Araruama e quando estou no Rio capital, no calçadão de Copacabana. Sempre o mesmo trajeto, quase que diariamente nos mesmos horários.
Comecei a perceber que até os pensamentos se reiteram durante o exercício. São quarenta a sessenta minutos por dia, em que algo a mais se repete na minha vida. Não basta o cotidiano para o qual as circunstâncias da vida me empurraram, eu persisto com outras recorrências.
Numa dessas manhãs quaisquer de inverno, com um sol gostoso e um vento leve balançando as águas da lagoa, eu mudei o rumo. Ao invés de seguir o caminho à direita da Praça das Águas, rumei à esquerda, por uma estrada de areia, sem calçamento, estreita entre os muros dos fundos das casas acima e a lagoa, abaixo. Notei que aquele trajeto tinha menos barulho de carros e pessoas, e eu podia ouvir a entonação formada pelas ondas das águas tocadas pelo vento. E fui indo, levada por aquele clima de mansidão. Minha mente serenou e os pensamentos teimosos que me perseguem há tempos, de certa forma se diluíram ar afora.
Uma sensação de renovamento me tomou a alma. Vi novas paisagens, novos sons e cheiros. Consequentemente os sentimentos também se transformaram. Foi uma manhã diferente porque assim eu a fiz.
Quando nossa vida anda meio sem motivação, sem novos desenhos, é bom a gente mudar a direção, dos passos, do olhar, dos sentidos. Talvez você se surpreenda com as novas impressões.