TEM DIAS QUE
Já deve ter acontecido contigo. Aquele dia em que ‘não estamos no nosso
dia’. Os colegas notam se estamos mais ou menos falantes; mais ou menos
humorados; mais ou menos produtivos. Mais assim ou mais assado que os outros
dias. Se o marido, ou mulher puxa papo, apenas resumimos um: - ahã. Nosso olhar
diz o resto.
Os filhos chegam da escola jogando calçados num canto, mochila noutro,
trazendo para perto de nós toda energia que nos falta. Mas queremos sossego, estamos
sem saco pra nada, nem para corrigi-los. Dá-se um ‘chega’ neles e só ouvimos a
porta do quarto bater com força. Adolescentes têm por costume (ou má educação?)
bater portas. Deve ser também por causa do vigor da juventude. Mas tem dias que
temos a certeza que é por falta de algumas boas palmadas poupadas.
Para as mulheres, tais dias vêm agravados pela tensão pré-menstrual.
Jesus me abana! Geralmente dizemos umas às outras:
- Quando estou ‘naqueles dias’ só quero comer coisa doce.
- Eu fico muito irritada.
Outras só choram, ou têm tudo junto:
- Como muito chocolate, choro, me irrito com todo mundo e também me dá
dor-de-cabeça.
Os maridos, namorados e similares,
se dividem em dois grupos: os que entendem e os que não entendem suas
mulheres. Dentre os que não entendem, têm
aqueles que se diferenciam com o infeliz comentário: “Que frescura! Minha mãe nunca se queixou disso”. Correm risco de
lesões corporais sérias ou coisa pior.
Bom mesmo, nesses dias, é nem levantar. Se levantar, melhor não falar. Caso
possível, passar o dia vagabundeando. Só fazer o que dá prazer! De preferência
ficar só. Fazer uma longa viagem para o nosso interior. Um inventário de nós
mesmos. Um arrolamento dos nossos bens finitos e infinitos, avaliando o que tem
valido à pena nesta vida. O ‘espólio de cada um conforme suas ações’,
poder-se-ia dizer.
Esta viagem íntima é muito positiva, mas pode ser perigosa. Bom, porque
fazemos uma conjugação geral dos nossos verbos SER e ESTAR. Perigoso, porque
geralmente só fazemos este tipo de análise ‘naqueles dias’.
Nesses dias o melhor a fazer é nos limitar à reflexão. Jamais decidir,
para não incorrer em ações equivocadas que nos deixarão muito pior pelo resto
dos nossos dias. Para isso, dias
melhores virão.