sexta-feira, 24 de março de 2017

E POR FALAR EM SAUDADE

A palavra saudade é oriunda do latim "solitas, solitatis"  - solidão. É uma das palavras mais utilizadas nas poesias de amor, nas músicas românticas da língua portuguesa. Ela não tem tradução literal em muitas línguas. Significa o sentimento melancólico devido ao afastamento de uma pessoa, uma coisa ou um lugar, ou à ausência de experiências prazerosas. Segundo a lenda, a saudade surgiu no período dos descobrimentos e definia a solidão que os portugueses vindos para o Brasil tinham da sua terra e dos seus familiares. Eram atacados por uma melancolia por se sentirem tão sós e distantes dos seus.
A saudade é uma incongruência: ao mesmo tempo em que aperta o nosso coração, preenche ele de amor. Ao sentir saudade revivemos sensações e sentimentos. Por meio dela, nos conectamos com todo um passado já vivido e também um futuro que ficou por viver.
No início, a saudade vem acompanhada de muita dor. Ela de fato tiraniza o nosso coração, penaliza a alma. Como disse nosso ‘poeta das coisas simples’: Eu agora – que desfecho! Já nem penso mais em ti... Mas será que nunca deixo de lembrar que te esqueci!
Eu já engoli muitas saudades. Bebi desta aguardente mais do que queria e devia, mas não menos que o necessário para aprender a lidar com a danada. Hoje até olho para ela com um pouco de gratidão.  Fui compreendendo que ela é o vínculo com quem não está mais perto de mim fisicamente e experimentá-la é gozar todo amor que ficou e que nunca irá me separar desse objeto.  
E pra terminar, ‘saudade é nossa alma querendo dizer para onde ela quer voltar’.  





sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

DE OUTROS CARNAVAIS

De origem pagã, o carnaval é uma herança de comemorações realizadas na Antiguidade por povos como os egípcios, hebreus, gregos e romanos. Esses festejos serviam para celebrar grandes colheitas e louvar divindades. Muitos entendidos  dizem que o termo vem de outra expressão latina: carnem levare, que significa “retirar ou ficar livre da carne”. Na Idade Média, essas velhas festividades pagãs foram incorporadas pela Igreja Católica, passando a marcar os últimos dias de “liberdade” antes das restrições impostas pela Quaresma. Nesse período de penitência - durante os 40 dias antes da Páscoa - o consumo de carne era proibido. No Brasil, o carnaval tem influência do “entrudo”, folia de origem portuguesa de onde veio o costume das “guerras de água”, muitas vezes com direito a lama, laranjas, ovos e limões-de-cheiro, entre outros. Outra tradição do Carnaval é o hábito de homens se vestirem com trajes femininos. A explicação está na própria psicologia da festa, um espaço de inversão, em que se busca ser exatamente o que não se é no resto do ano.
Hoje o carnaval é uma grande marca da cultura brasileira. Virou mais “marca” do que Carnaval, atraindo turistas, industrializando Escolas de Samba e roubando a pureza e a alegria natural dos velhos tempos. Brincar Carnaval, ontem e hoje, ainda é deixar-se levar pelas cores, pelo ritmo, pela alegria. É vestir-se de forma bizarra; é mascarar-se para surpreender e provocar risos; é dançar e pular no asfalto, atrás dos carros de som que dão o tom da animação.
Eu gosto da euforia carnavalesca, tanto dos salões quanto das ruas. Penso que se fantasiar, gritar, dançar, pular é uma catarse obrigatória que nos liberta de certos disfarces que a vida gregária nos obriga ostentar depois de toda quarta-feira de cinzas. Então, eu vou botar meu bloco na rua. Eu, por mim, “queria isso e aquilo, um quilo mais daquilo, um grilo menos nisso, é disso que eu preciso ou não é nada disso... Eu quero é todo mundo nesse carnaval”. E não me venha fazer jejum na Quaresma, querer dar uma de santo, que eu já te conheço de outros carnavais.