sexta-feira, 24 de maio de 2019


TRANSIÇÃO

Tenho andado ausente do meu blog e displicente com minha escrita. Tudo bem, eu me perdoo, pois estou vivendo uma fase de transição. Muitas coisas aconteceram, outras acontecendo e muitas que virão.
Os últimos cinco anos, além de passarem muito rápido, me surgiram carregados de episódios variados. Alguns, provocaram estresse, outros, geraram porções de alegria, embora ínfimas. Passei pelo desalinho hormonal do climatério até os reveses da menopausa. Nesse ciclo deparei-me com o malogro profissional, enfrentei um transtorno de ansiedade generalizada, e tombei de vez com o ninho vazio, sem falar dos demais impactos que assolaram minhas emoções.
Nesse transicionamento deparei-me com pessoas afáveis, familiares e grupos com propósitos elevados, que contribuíram para minha reedificação interna.
Os estudiosos dizem que as coisas melhoram com o avanço da idade; que os mais velhos se alegram ao lembrar-se da independência financeira dos filhos, com a chegada da aposentadoria e o aumento no tempo para fazer atividades de que gostam. Pesquisadores também dizem que esse período traz um novo sentido de realismo, uma aceitação da vida como ela é e isso aumenta os níveis de felicidade.
Nenhuma dessas teses me convence totalmente. Não consigo fingir que estou maravilhada com a meia idade. E não me venham dizer que estou na ‘melhor idade’. Melhor idade é os vinte e poucos anos. Melhor idade é quando todos nossos hormônios estão pupulando, quando nossos músculos e ossos estão robustos; quando andamos o dia todo no salto, chegamos ao fim da tarde sem dor na panturrilha e ainda com disposição para seguir de noite numa balada com os amigos.
Para mim foi bem difícil dar a volta nessa curva. Mas como essa curva não tem volta o melhor é tocar em frente.  Parece que a graça está em atravessar essa fronteira com o mínimo de danos possível. Um fator importante é entender que embora vão haver perdas, todas podem ser compensadas. Inobstante os reveses, se bem refletidos, os cinquenta anos nos trazem uma certa tranquilidade. Afinal, quem chega aqui está na primeira década da outra metade da vida, e isso parece consolador.  
Mas não me venha dizer que servi bolinhos ou lavei os pratos da Santa Ceia, porque não me responsabilizo pelas consequências...

sábado, 9 de fevereiro de 2019


ESTAÇÕES

Tenho estado com esta palavra no meu pensamento, especialmente quando saio para caminhar na pista da praça aqui perto de casa, cheia de árvores, com pássaros e cigarras cantantes, típicos do verão.
As estações do ano são quatro: primavera, verão, outono, inverno, determinadas pelos equinócios e solstícios. É o tempo apropriado para certos plantios, são períodos assinalados por maior ou menor afluência de pessoas a determinados locais de interesse público ou cultural. Agora que é verão, por exemplo, os locais mais frequentados são as praias. E sempre é revigorante passar uns tempos próximos do mar, ou mesmo banhar-se nas águas doces dos rios e lagoas. O calor sufocante que tem feito pede este refresco para o corpo e a alma.
Mas minha estação predileta é outono. Para mim ele vai levando embora a euforia e o rescaldo do verão, e aos poucos vai trazendo um frescor gostoso e aconchegante, uma temperatura que nos permite pensar e movimentar melhor. A vida se renova e o sono melhora, enquanto a agenda começa pra valer.
Depois das folhas caídas do outono, o inverno vai tomando espaço trazendo consigo noites geladas, que pedem filme com chocolate quente e cobertor, botas, mantas e goros. Embora a vida nessa estação se retraia, ela tem seu charme especial, e os locais mais frequentados são as serras e outros onde a neve e a geada espalham sua beleza peculiar.
A primavera é a soberana da esperança, a rainha da beleza e das flores. O seu nome vem do latim primo vere, que significa “primeiro verão”.
Assim nossa vida também é feita de estações, metamorfoses, contrastes. Reconhecer a singularidade de cada etapa e vivê-la conforme o clima dita, é uma arte.  E cada verão vencido, com sua luz que amplia a nossa visão, aquecendo nossos projetos para o outono,  iluminando nossos passos  e nos tornando fortes para o próximo inverno,  é a prova da vida que prevalece até a vitória final.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018


RETROSPECTIVA


Nesta época do ano fala-se muito esta palavra.  Originada do termo latino retrospectare "olhar para trás", significa, geralmente, rever e relembrar eventos que já ocorreram, em forma de um relato ou análise.
Então, você olha para trás, não só deste ano que finda, mas de toda sua vida vivida até aqui. Foram tantas fases, temporadas, eventos, caminhadas...  Muita coisa valeu a pena, outras você preferiria, certamente, viver de novo pra fazer diferente. Mas esta caminhada na esfera terrena não permite retornos, apenas ‘retoques’. Então pra não sofrer do passado mal vivido, o melhor é rever equívocos e tentar modificar comportamentos, retocar condutas, na boa intenção de não repetir burradas.
O ano que finda, particularmente, correu muito rápido. Foi muito ‘líquido’, diluiu-se em inquietudes com alguns armistícios. Dizer que foi tudo péssimo, também não é o caso, há que se considerar a saúde, o trabalho, os proventos que se tem e faz falta a tantos irmãos. Tenho ouvido algumas vozes dizer que foi ‘um bom ano’. Que bom pra você, penso eu! Outras vozes divergem principalmente no que tange a situação política do nosso país. Estamos numa encruzilhada, onde não se sabe o caminho que o próximo governo vai trilhar. Têm-se apenas algumas concepções. O governo passado pode ter tido seus erros, mas também teve seus méritos! Este que vem aí, embora aclamado pela maioria, me traz inquietudes.  Vamos torcer pelo melhor, porque o povo tá cansado de levar ripadas.
Enfim, final de ano é aquele momento que você tem a liberdade de sentar e repensar. E como é bom fazer isso! Refletir, filosofar. Pegar caneta e papel, fazer duas colunas: o que foi bom, o que foi ruim. Depois fechar o balancete. E não se esqueça de abrir a nova agenda com uma mensagem de otimismo, porque esta é a finalidade maior da virada de ano: repensar os feitos e traçar novos prismas.  De resto, é viver um dia de cada vez, sem fixar-se demais no pretérito, nem no futuro (tenho me esforçado com isso). A conjugação de todos os verbos no presente é uma boa tática pra não sofrer de ansiedade generalizada.