SINTONIA
No meu bairro tem muitas árvores frondosas,
especialmente na praça, que não é apenas uma pracinha com brinquedos para
crianças. É bem mais! Tem uma pista de caminhada ou corrida de duzentos metros,
muito gramado e árvores antigas de várias espécies, como o ipê roxo e o
amarelo. Diariamente é neste local que faço caminhadas e meditações. Assim como
eu, várias pessoas por ali circulam, caminhando, correndo, levando seus pets
para passear, ou simplesmente sentados num banco tomando chimarrão ou sol,
lendo, conversando.
Também há várias espécies de pássaros:
bandos de caturritas, sabiás, bem-te-vis, rolinhas, que seguidamente voam dos
galhos para comer minhoquinhas e outras guloseimas que se encontram entre as
gramas. São mansinhos e nem se importam
com as pessoas e cães que ali transitam. Minhas caminhadas são o impulso que
necessito para enfrentar os dias e suas contingências. É através do suor que
alivio minhas inquietações.
É um alento ouvir os pássaros gorjeando,
as árvores balançando e também as formigas, sim, as formigas, sempre na labuta.
Cuido para não pisar nelas quando estão em trilhas, carregadas de folhas e
gravetos, atravessando a pista.
Será que todos que ali circulam percebem
essas delícias que a natureza nos proporciona? Acredito que sim, que todas as
pessoas se sentem gratificadas com a exuberância e simplicidade que esse espaço
nos proporciona. E num ataque de felicidade qualquer, abraço uma árvore, sinto
seu cheiro peculiar, sua espessura nas minhas bochechas, sem me importar de alguém
me achar desvairada. São meus devaneios simbólicos, minha expressão de sintonia
e correspondência com o universo.