MOMENTO DO CHIMARRÃO
Todos
sabem que os sul-rio-grandenses têm o hábito e apreço por uma roda de mate,
herança dos índios guaranis que habitavam o território do que são hoje a
República do Paraguai e o estado do Paraná, e que foi difundida pelos padres jesuítas
no tempo das Missões. Contam os historiadores que os indígenas eram famosos por
sua vitalidade, força, alegria e hospitalidade, graças ao consumo da infusão
dessa espécie de chá, com folhas fragmentadas da erva-mate.
Até
hoje, parece que a erva-mate, bem cevada numa cuia de Porongo, continua sendo sinônimo
de satisfação, gentileza, acolhida... Um deleite!
E
digo mais, muitas discórdias entre outras querelas, são resolvidas numa roda de
chimarrão. Parece que o ato de chupar na bomba metálica desse chá verde, vai
aquietando os ânimos exaltados. Ninguém grita no momento do chimarrão, as
pessoas sentam, geralmente em roda, para dialogar, cantar, trocar ideias, entre
outros assuntos vigentes. Enquanto a cuia vai passando parece que algo mágico
acontece, e mesmo aquele que esteja meio tresloucado, vai serenando com o
passar do mate. E quando se toma o mate sozinho, é instante sagrado de
reflexão.
Aqui em casa, tomamos chimarrão todos os dias antes do almoço. E tem uma coisa importante: a cuia deve sempre andar no movimento do laço, ou seja, a volta na roda do mate deverá partir pela direita daquele que serve a cuia. É um momento quase sacro. A gente conversa sobre vários assuntos, fazemos planos, traçamos projetos, que às vezes nem se cumprem, mas o que importa mesmo é que nessa ocasião colocamos os assuntos em dia e idealizamos.
Beber
chimarrão tem muitos benefícios para o corpo físico, um deles é a ação vasodilatadora, diminui os lipídios do sangue, reduz os
níveis de colesterol, que, por consequência, colabora na prevenção de doenças cardíacas
e vasculares. Mas o que me anima mesmo no chimarrão é esse ato de celebração, é
o desejar, sonhar que tem uma ligação direta com momentos que estão por
vir, como um período de prosperidade, tranquilidade com a vida, harmonia e equilíbrio
interior. Beber chimarrão é um ato atávico que estimula nossa mente e ao mesmo
tempo alimenta de paz o nosso espírito.