TERAPIA
DE SALÃO
A
cliente falava dos procedimentos estéticos que havia feito nas áreas íntimas,
como depilação a laser e colocação de ácido hialurônico na ‘piriquita’. Fiquei
atenta, nunca tinha ouvido falar sobre aplicação de tal produto nessa área. A
conversa se desenrolava, a cabeleireira contava da colocação de ‘fios’ nas
laterais das faces, mas que não resolveu muito para levantar as bochechas e
tirar a ‘cara de buldogue’ e o ‘bigode chinês’. Karine levantou-se para ir ao
banheiro, parou diante do espelho e se olhou, levantou um pouco a blusa e bateu
a palma da mão na barriga: ‘ficou ótimo, pensei que ficaria algum sinal da
lipo, mas ficou tudo lisinho’. Entendi que havia feito lipoaspiração abdominal,
e o abdômen dela estava mesmo bem definido e bonito. Depois ouvi algo sobre uma
cara que encontrou alguém num aplicativo de relacionamento e o fulano se fez
passar por um cidadão cheio de boas intenções, contudo, depois de algum tempo,
ou melhor, de muito tempo e alertas das amigas, a mulher começou a perceber que
ele só estava interessado na grana dela. Nisso a cliente se manifesta: ‘ah,
nessas eu não caio, já me pegaram uma vez, mas a segunda não’. A manicure
começou a contar sobre o ex, que só queria saber de andar de jet-ski, não
pagava a pensão com pontualidade, mas era um bom pai para a filha; que ele tentou
várias vezes retomar a relação, mas ela não quis de jeito nenhum, estava
‘enrolada’ com outro cara. Nisso Marisa intervém: ‘mas que tu gostava de trepar
com o ex, é fato né?’. ‘Sim’, responde Karine, ‘mas são águas passadas, agora
quero alguém que me preencha em tudo, inclusive me sustente, porque o dinheiro
que eu ganho é só pra cuidar de mim’. A cliente dispara: ‘tu tá certíssima,
homem tem que bancar a mulher mesmo, essa história de dividir contas e contar
moedas é fria’.
Eu,
calada, não ousei opinar, muito menos falar alguma coisa da minha vida pessoal,
pelo menos naquele momento. Porém, me chamou atenção o fato dessa troca de
experiências da mulherada, quando se reúnem num salão de beleza. Interagem, desabafam,
riem e às vezes até choram.
Chegou
minha vez de ser atendida. Marisa puxou a cadeira (divã) para eu sentar e
perguntou sorrindo: ‘e tu, mulher, como está’. Resumi minha resposta em poucas
palavras: ‘com dor na lombar’. ‘Ihhh, deve ser puro estresse emocional.’. ‘Talvez’.
‘E teu marido?’ ‘Vai bem’...
Oi Dena! Achei legal a tua crônica. Nos salões masculinos não é muito diferente. Abraço
ResponderExcluirObrigada pela visita, leitura e carinho, querido Aldir. Bj
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