sexta-feira, 26 de maio de 2017

ANSEIOS

Conforme dicionário online de português, o verbo ansiar significa: querer algo com muita força; desejar insistentemente: ansiava por dias melhores. Verbo transitivo direto e pronominal. Ocasionar ou estar sentindo ânsia; angustiar ou angustiar-se: ansiava-se por nunca conseguir um emprego. E mais: possuir dificuldades para respirar; ofegar.
Meus anseios são tantos, que me encaixo no sinônimo de ‘possuir dificuldades para respirar’. Às vezes tenho a sensação que passo os dias com a respiração ofegante, como se tivesse participando de uma maratona infinita. E esta aflição congênita me desconsola, comprime e consome.
Meus sequentes suspiros litigam mudanças que se arrastam no tempo e não acontecem. Não por comodidade minha, mas por depender de circunstâncias alheias. Aprecio novidades, minha essência é metamórfica e a constância dos dias me angustia. Quero ar, quero vida, quero mar!
Sofro e choro nesta vida regular que verte para a extinção. Não contemplo grandes feitos além dos dias banais. Uma pequena saída aqui, uma que outra distração lá, algumas conversas entre um café e outro com minhas poucas amizades, porque muitas nem me interessam, pois mais vale uma porção verdadeira do que uma batelada de frivolidades.
Nas mídias e redes sociais percebo apenas a solidão de quatro esferas emocionais contemporâneas: a exaltação do ego, a necessidade de autoafirmação, a sensação de pertencimento e de obrigação. As mídias sociais criaram uma silenciosa e acirrada disputa entre as pessoas para mostrar quem aparenta ter a vida mais bacana. Pensamos que estamos felizes com o que temos até nos depararmos com um update na rede social que sussurra o contrário: você poderia ser mais interessante. Não para você, claro, mas para os outros. E isso exprime o vazio existencial que está presente na vida de todo ser humano, em maior ou menor grau. Não é privilégio meu! E isso até me conforta.
Às vezes tenho dificuldade, mas me esforço para preencher esta minha eterna busca por coisas novas, esse meu vício de querer coisas que não sei o que é por meio da arte de escrever, cozinhar, rezar e amar.

Assim vou extravasando os sentimentos, dando um sentido de transcendência à vida. E fora disso, como um poeta certa vez me disse: ‘não diviso ter sinal de liberdade’.  

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