sexta-feira, 16 de novembro de 2018


DESACOMODAÇÃO


Um pensamento e sentimento obstinado tem maleado meu ser: a ausência de algo que existia em mim e que não encontro mais. Uma sensação de pesar constante que me sufoca e atordoa, me desorienta, desconcentra, faz mal. Faço terapias, academias, tomo pílulas e homeopatias... Mas a dor não sai! Faz uns cinco anos que ‘o monstrinho’ voltou aos poucos. Primeiro uma angustiazinha e depressão leve, depois uma frustração maior, daí vieram questões econômicas, familiares, os anos passando, as inquietações se avolumando e nos cinquenta e poucos o pavor se instalou. Hoje me sinto bloqueada, com a paz interior sitiada correndo perigo. Sinto-me no limiar da loucura - (Ainda bem que a loucura é apenas uma construção social – senão eu estaria ferrada!).
Tenho dúvidas: de quem sou, do que eu quero, para onde vou? A maturidade que me brindou com a experiência e certo conhecimento trouxe à soga esta desacomodação interior. Ainda não me agrada a ideia dos anos terem passado tão depressa, da juventude ter-se escorrido vida afora e agora, mostra-se irônica nas fotos espalhadas nos álbuns, caixas e porta-retratos. Daí você se vê e conclui que ‘era tão bonita’, pena que não sabia!
Não gosto de escrever sobre estes pesares que me ocorrem e amolam, mas é uma forma de imprimir no papel toda a angústia que consome minha alegria e prazer. Se você não sente nada disso, ou melhora ouvindo uma música, cantando, dançando, correndo, viajando... Que bom, continue assim! Para mim, sempre foi mais difícil lidar com estes descontentamentos da vida. Sempre o que é simples para algumas mulheres, é bem complexo para mim. Eu sou assim, costurada de emoções, vibrando e transitando insanamente entre dois polos, buscando sempre um cômodo que melhor acolha minhas inconstâncias; um colo para prantear carências; um mar para desaguar meus vários rios.
Agora que desafoguei no papel, ou melhor, na tela, se fosse papel estaria molhado e rasurado, sinto uma ponta de alívio brotar no solo inçado da minha alma que luta, luta, e luta, mas não se acalma.

Um comentário:

  1. Pois é Mana querida, nem tudo são flores, o caminho da vida geralmente tem mais espinhos que flores!!! T amo 😘

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