sexta-feira, 27 de março de 2020


#FUIPRARUA

Hoje foi o décimo dia da quarentena. Mesmo não tendo ainda sessenta anos, contrariando todas as orientações, rebelei-me contra o novo sistema instaurado por decretos das autoridades, mandando todo mundo ficar em casa por conta da pandemia, vesti minha roupa de caminhar e saí correndo rua afora.
O ar está mais leve, a poluição sonora acabou, consegui ouvir de longe até o canto das cigarras, mesmo aqui na zona urbana. Andei por várias ruas do meu bairro, passei no mercadinho da esquina e com a desculpa de que me faltou bananas, entrei, dei bom dia para o açougueiro, paguei as bananas no caixa e zarpei.
Encontrei dona Helena, uma senhora de mais de oitenta anos, que escondeu o rosto, como a dizer ‘estou fazendo arte, não me reprima’. Dei um ‘oi’ de longe, enquanto ela justificava que tinha lhe faltado leite. Um outro senhor, andando com seu cão, ao me ver, deu meia volta e entrou em casa, receoso de qualquer repreensão.
Concordo com as medidas de isolamento social, tomadas pelos governantes, no sentido de combater a aceleração exacerbada do Covid19. Mas estou muito preocupada com as consequências econômico-políticas dessa crise mundial.
E você vai dizer: - concorda, mas saiu para caminhar?
Sim, só hoje, daqui mais uma semana, talvez, saio novamente, só para contrariar, e me prevenir da loucura.

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