ANSEIOS
Conforme dicionário online de
português, o verbo ansiar significa: querer algo com muita força; desejar insistentemente: ansiava por dias
melhores. Verbo transitivo direto e pronominal.
Ocasionar ou estar sentindo ânsia; angustiar ou angustiar-se: ansiava-se por
nunca conseguir um emprego. E mais: possuir dificuldades para respirar; ofegar.
Meus anseios
são tantos, que me encaixo no sinônimo de ‘possuir dificuldades para respirar’.
Às vezes tenho a sensação que passo os dias com a respiração ofegante, como se
tivesse participando de uma maratona infinita. E esta aflição congênita me
desconsola, comprime e consome.
Meus sequentes
suspiros litigam mudanças que se arrastam no tempo e não acontecem. Não por
comodidade minha, mas por depender de circunstâncias alheias. Aprecio
novidades, minha essência é metamórfica e a constância dos dias me angustia.
Quero ar, quero vida, quero mar!
Sofro e choro
nesta vida regular que verte para a extinção. Não contemplo grandes feitos além
dos dias banais. Uma pequena saída aqui, uma que outra distração lá, algumas
conversas entre um café e outro com minhas poucas amizades, porque muitas nem
me interessam, pois mais vale uma porção verdadeira do que uma batelada de
frivolidades.
Nas mídias e
redes sociais percebo apenas a solidão de quatro esferas emocionais
contemporâneas: a exaltação do ego, a necessidade de autoafirmação, a sensação
de pertencimento e de obrigação.
As mídias sociais criaram uma silenciosa e acirrada disputa entre as
pessoas para mostrar quem aparenta ter a vida mais bacana. Pensamos que estamos felizes
com o que temos até nos depararmos com um update na rede social que sussurra o
contrário: você poderia ser mais interessante. Não para você, claro, mas para
os outros. E isso exprime o vazio
existencial que está presente na vida de todo ser humano, em maior ou menor
grau. Não é privilégio meu! E isso até me conforta.
Às
vezes tenho dificuldade, mas me esforço para preencher esta minha eterna busca
por coisas novas, esse meu vício de querer coisas que não sei o que é por meio
da arte de escrever, cozinhar, rezar e amar.
Assim vou
extravasando os sentimentos, dando um sentido de transcendência à vida. E fora
disso, como um poeta certa vez me disse: ‘não diviso ter sinal de liberdade’.