PENSE NISSO
Como é difícil
começar alguma coisa. Não sei se é assim pra todo mundo. Pra mim é. A gente
sabe que tem que fazer. A gente quer fazer. Mas alguma coisa nos trava. E vamos
adiando a casa pra limpar, a organização do roupeiro, as flores pra replantar,
a poeira na biblioteca, o livro pra terminar a leitura, o texto pra escrever...
Achamos mil desculpas que nos desviam do caminho da finalidade. E nossos
projetos vão esmaecendo. É certo que algumas vontades não dependem apenas da
nossa ação mental e física. Como viajar, por exemplo, dependerá das nossas
economias, e quando elas vão mal, estagnamos. Um projeto mais ousado, de abrir
um negócio, dependerá de inúmeros fatores, que se sobrepõem à simples força
volitiva. Começar um regime ou frequentar uma academia, então, quem de vocês já
não planejou isso para uma segunda-feira qualquer? E os que começam na sexta, geralmente não
chegam até a segunda. Seguidamente, damos a largada nas intenções. Mas lá pelas
tantas, num ponto qualquer do caminho, começamos a fraquejar. Não fazemos num
dia, no outro não dá por causa de um isso ou de um aquilo. Depois vem o final
de semana, tem que se estar com os filhos, e na semana que segue haverá outras
quimeras. E o propósito inicial, já não passa de uma deficiente e malformada
concepção, vítima de sucessivos abortos. Uma intenção que ficará para o futuro,
pra terminar quando der.
Pior ainda é
quando estamos dentro de um projeto maior e se deixa todos os outros desejos
pra depois. Como por exemplo, aprender a tocar um instrumento musical, aprender
outras línguas, fazer algum trabalho voluntário. Isso nem depende de questão
monetária; hoje em dia tem vídeo-aulas e sites na internet que nos possibilitam
todos esses aprendizados. Menos o trabalho voluntário. A caridade roga por
nossa presença cara a cara, corpo a corpo. Fora disso não há salvação.
Assim, as
postergações funcionam como grilhões enormes e pesados, que nos escravizam a
uma zona de conforto. Ficamos inanimados como um cascalho. E o tempo passa do
mesmo jeito, sem promessas ou delongas.
Se der comece
hoje, se não, pense nisso.