sábado, 9 de setembro de 2017

FERIADO

Tudo é estável:
Os móveis na sala,
Os livros na estante.
Até os olhos do gato
Fixados no mesmo objeto.
Esta passividade das coisas,
Este silêncio de feriado
Pausando o murmúrio da rua,
Sossega também meu coração.
Aquieta minha mente,
Abraça minha solidão. 

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

PRELÚDIOS DE PRIMAVERA

Este friozinho de arrepiar a pele e pelos dos braços, misturado com o cheiro das amoreiras, jabuticabeiras e azaleias florescendo nos pátios, ruas e praças, só existe nas manhãs desta estação. Quando o sol abre e esquenta, mangas e mantas vão se despindo dos corpos. O fluxo urbano aumenta: pedestres caminhando, correndo, pedalando...  E a cidade vira um rebuliço! E quem acorda mais cedo apreciará com mais afinco os odores das manhãs ensaiando a próxima primavera. Aqui no sul temos esta variação de temperaturas que remodelam nosso humor, deixando nossas vidas mais cheias de graça.  E junto com os odores das flores e frutas, as manhãs nos brindam com o canto dos sabiás, bem-te-vis e outras espécies que fazem festa já tenteando acasalamentos. Coroando todos os cheiros está o do café passado, que sai das cafeterias e casas da vizinhança, cortando os ares, penetrando nas janelas escancaradas.
São belezas e pequenos prazeres que a vida nos oferece e que na maioria das vezes, por conta dos compromissos, da agenda lotada, da correria, passam discretos, sem nosso olhar mais atento. E o que passa, já foi. Só amanhã, talvez com sorte, teremos novamente uma manhã com cheiros, cantos, sabores e amores.
Se tiveres um tempo, pare, ouça e sinta, tome consciência. Porque se não estivermos atentos, a vida corre despercebida e este momento único não se recupera mais. Sinta tuas manhãs de forma insólita, porque depois de hoje tudo é possível: o canto pode silenciar, a amoreira e jabuticabeira secar, a azaleia murchar e o café esfriar...

É a graça que passa para todos. 

segunda-feira, 31 de julho de 2017

RESILIÊNCIA

Outro dia, lendo o Evangelho, me deparei com esta palavra ‘resiliência’. Achei-a tão bonita, sonora, agradável e carregada de significados. Na Física, ‘resiliência’ resume a capacidade dos materiais de retornar à forma original depois de sofrer uma deformação. A psicologia tomou este termo emprestado da física, definindo resiliência como a habilidade do indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas. Quando aplicado aos seres humanos, o conceito segue uma solução diferente do que acontece quando empregado na física, se destacando exatamente pela capacidade do indivíduo dar a volta por cima das situações de risco e voltar TRANSFORMADO, crescendo com a experiência.

Entre os seres humanos, os resilientes são aqueles que têm a habilidade de se refazer depois das frustrações, usando-as ao seu favor. Ao longo da nossa existência individual, familiar ou social, vamos nos deparando com vários ensaios difíceis. Situações traumáticas, angustiantes, estressantes. Cada indivíduo tem uma maneira de lidar com tais adversidades. Para alguns a resiliência é fator inato; para outros ela é mais difícil de ser exercitada. O modo como vimos e enfrentamos nossos dissabores vai mensurar nosso grau de resiliência. O fato é que desenvolver a resiliência é algo positivo para nossa vida. O otimismo, a empatia, bom humor, perdoar e perdoar-se, encarar os problemas como aprendizados, são práticas que reforçam nosso grau de resiliência.  Resumindo, saber transformar os limões azedos em saborosas limonadas é o segredo dos fortes – é a química da vida!