domingo, 6 de junho de 2021

 

A CAIXA DE LEMBRANÇAS

 

Talvez você não tenha, mas eu e muitos outros temos uma caixa, meio amarelada, amassada, guardada bem escondidinha num armário ou baú, cheia de recordações: cartas de amor, bilhetinhos, cartões postais, de aniversário, fotos, e até telegramas!

Hoje fui procurar uma foto antiga e dei de cara com a minha caixa. Encontrei alguns ‘tesouros’. Mas o que mais mexeu comigo foi um pequeno cartãozinho de felicitações, onde o autor dizia assim: ’ você estará sempre no meu coração, não dá para te esquecer’. E daí, como num filme, passou na minha mente a história que vivi com aquela pessoa. Dos breves, mas intensos momentos que passamos juntos, da alegria que me irrigava a alma quando ele chegava para perto de mim. Um dia ele me trouxe um bichinho de pelúcia: o gato Garfield! Ele sempre sabia do que eu gostava. Ah, meu velho e doce amor!

Assim, fui remexendo aquela caixa de memórias. Encontrei dez cartas escritas à mão, do homem com quem me casei. Mas não ousei ler!

Um telegrama me chamou atenção. Sim, eu tenho guardado telegramas, uma das maiores revoluções tecnológicas do fim do século XIX e início do século XX, hoje é documento que poucos lembram.  Esse telegrama de felicitações diz: ‘princesa, que neste dia a felicidade tome conta de você’.  E devo ter ficado bem feliz mesmo com aquela mensagem de um pretendente querido.

Além de bilhetes, cartões, telegramas, cartas, o melhor, foi ver as fotos da juventude, momentos sozinha, com família, com amores...  Ah, a juventude, onde as horas são mais longas e nem damos tanta importância ao tempo. Lembrei-me então, do final de um poema de Mário Quintana: “Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.”

E naquela caixa ali na minha frente, com o conteúdo esparramado no chão percebi que nela está a memória de boa parte da casca dourada e inútil das minhas horas.

 

17 comentários:

  1. Nossa Mana lembrei da minha caixinha, não sei se terei coragem de abri-la. Ameeeiíii bjus

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    1. Kkkk, é meio assustador mesmo, mas vc tem coragem, vai em frente e "enfrente" tua caixa,hehe.

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  2. Adorei! Tava com saudade de ti e dos teus textos! Bjs

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    1. Obrigada Magali, saudades de ti e dos teus também, compartilha no face.bjs

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    2. Oi Magali, saudades suas também. Obrigada pelo leitura e pelo carinho!

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  3. Que lindo texto! Doce e suave, mas também intenso; como devem ser as boas lembranças. Parabéns!

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  4. Lindo texto! Eu já me desfiz de várias “coisinhas” da caixa de lembranças. O que resta vou queimar, colocar as cinzas numa caixinha e ir bem linda e plena pra Paris e jogar no rio Sena enquanto bebo um champanhe pra dar as boas vindas ao que virá de melhor. Cheers!

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  5. Muito linda a tua história,a sintonia do destino,justamente agora fiz o mesmo,foto da mia família, mia juventude colérica e militância política que comennzei cedo,de repente me deparo um abecedário para aprender Latim e muitas fotos,de uma pessoa que levo no lado esquerdo do meu Core,na qual vive momentos viceral,forte e bonito,nunca revelarei quem essa pequena grande mulher....no gostei muito desse gato de pelúcia,você salvo este domingo muito feio.... Felicidades

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    1. Oi querido, obrigada pela leitura, visita ao blog e comentário. Também te levo sempre no lado esquerdo do peito!!!

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  6. Belo texto Dena. Adorei. Todos nós temos a nossa caixinha. Vc com certeza está na minha. Terno abraço.

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    1. Oi querido, obrigada pela visita ao blog, pela leitura, pelo comentário, pelo carinho. Você, sempre, na caixinha da minha eterna memória!!

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  7. Perfeito Dena. Remexi minha caixa, mentalmente, ao ler a tua. lindo. Abraços

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  8. Denadorada, tu sempre com palavras perfeitas.Não trenho caixinha de recordações, mas tenho uma caixa de música q toda vez q eu abro ela toca La vie en rose. Me emociono muito pq ganhei de uma pessoa especial q habita minha memória e 'mio cuore'. e tu Dena, consegue tranbordar amor nesta crônica cheia de delicadezas e sensibilidade. Cdônica para ser lida como quem olha nos olhos e diz tudo e algo mais ao mesmo tempo.

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