segunda-feira, 31 de julho de 2017

RESILIÊNCIA

Outro dia, lendo o Evangelho, me deparei com esta palavra ‘resiliência’. Achei-a tão bonita, sonora, agradável e carregada de significados. Na Física, ‘resiliência’ resume a capacidade dos materiais de retornar à forma original depois de sofrer uma deformação. A psicologia tomou este termo emprestado da física, definindo resiliência como a habilidade do indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas. Quando aplicado aos seres humanos, o conceito segue uma solução diferente do que acontece quando empregado na física, se destacando exatamente pela capacidade do indivíduo dar a volta por cima das situações de risco e voltar TRANSFORMADO, crescendo com a experiência.

Entre os seres humanos, os resilientes são aqueles que têm a habilidade de se refazer depois das frustrações, usando-as ao seu favor. Ao longo da nossa existência individual, familiar ou social, vamos nos deparando com vários ensaios difíceis. Situações traumáticas, angustiantes, estressantes. Cada indivíduo tem uma maneira de lidar com tais adversidades. Para alguns a resiliência é fator inato; para outros ela é mais difícil de ser exercitada. O modo como vimos e enfrentamos nossos dissabores vai mensurar nosso grau de resiliência. O fato é que desenvolver a resiliência é algo positivo para nossa vida. O otimismo, a empatia, bom humor, perdoar e perdoar-se, encarar os problemas como aprendizados, são práticas que reforçam nosso grau de resiliência.  Resumindo, saber transformar os limões azedos em saborosas limonadas é o segredo dos fortes – é a química da vida!

sexta-feira, 14 de julho de 2017

FRUSTRATIONES

A palavra frustração é originada do latim frustratione. É um substantivo feminino que nomina o ato de frustrar-se. E frustrar-se significa uma insatisfação resultante de algum impedimento na realização dos nossos desejos. A frustração ocorre quando identificamos um erro entre aquilo que planejamos e o que realmente aconteceu.
Este sentimento muitas vezes é provocado pela ação de outras pessoas que podem nos frustrar de várias maneiras, uma vez que seres humanos são maravilhosos e ao mesmo tempo imprevisíveis. Já me decepcionei com amigos pelos quais tinha enorme consideração, e aprendi que as pessoas podem ser irracionais, injustas e inconsistentes. Por outro lado os nossos erros e omissões também desapontam os outros. Ou seja, nós também podemos ser uma fonte de frustrações para os próximos. Não podemos controlar o comportamento dos outros, mas nossas reações a ele, sim.
Eu penso que ainda é mais fácil lidar com as frustrações que os outros nos causam do que aquelas que praticamos pelos próprios erros. Nossas malogradas ações provocam decepções tamanhas que muitas vezes nem conseguimos mensurar. Somente depois de passado bom tempo é que elaboramos tais equívocos. Frustração de um namoro que não deu certo, de uma carreira mal-aventurada, de um amor não correspondido, de um projeto não elaborado ou um casamento malfadado.
A fórmula para nos preservar de maiores desilusões, parece estar no modo como nos comportamos diante das adversidades.  Enxergar a frustração como um ‘atraso no nosso sucesso’ em vez de um ‘fracasso’, é uma boa ação. Ao longo da minha vida, por exemplo, eu me dei conta de que foi muito bom que certas coisas que um dia eu quis, nunca aconteceram. Temos o costume de associar nossas expectativas com felicidade, mas nós não sabemos o que nos fará felizes e nossos palpites a esse respeito quase sempre estão errados. Geralmente a felicidade não está no ‘pacote que idealizamos’.
Finalizo dizendo que a resiliência, a criatividade e a valorização das nossas pequenas vitórias, são grandes aliadas.

No mais, cuide-se ou lamba suas feridas, na solidão. 

sexta-feira, 30 de junho de 2017

CAFÉ DA MANHÃ

O moinho do café
Mói grãos e faz deles pó.
O pó que a minh’alma é
Moeu quem me deixa só.
Fernando Pessoa

O café da manhã, para mim, tem uma ritualística. Não consigo comer qualquer coisa e sair cumprindo agenda. Já fiz isso muitos anos na minha vida. Hoje, com mais tempo disponível, me reservo o direito de compor os ingredientes do desjejum de forma quase litúrgica.
Para quem não tem o hábito de tomar café da manhã, qualquer motivo basta para justificar o descompromisso: falta de fome ao acordar, falta de tempo, preguiça e muitas outras desculpas. O que muita gente não sabe é que a primeira refeição do dia ajuda-nos a ter uma vida mais saudável, com melhor desempenho intelectual e melhor desenvolvimento no trabalho. O café da manhã tem a importante função de repor a energia que foi gasta durante o sono. Além disso, estudos indicam que realizar o café da manhã ajuda no controle da ingestão alimentar durante o dia, auxiliando no equilíbrio do peso. Os nutricionistas dizem muito mais, compõem receitas para o café da manhã, mas bom mesmo é o básico: o pão fresquinho da padaria da esquina, a manteiga da feira e ao menos uma fruta – a banana tem unanimidade na maioria dos lares. Açúcar, gosto do mascavo, também da feira.
O cheiro do café passado estimula o cérebro, instiga a alma. Tem algo mais saboroso que o café fresquinho? Existem muitas cafeterias aqui em Porto Alegre e demais cidades do estado e país – gosto muito de frequentar!  Mas nada supera o café passado na nossa cozinha de manhã cedinho. O aroma enche a casa e o nosso ânimo para enfrentar o dia ganha um salto de qualidade. Ele vai além do hábito da manhã, além da energia extra e das horas pesadas de trabalho. O café também serve para confortar a alma. Nosso poeta das coisas simples, Mário Quintana, assim poetizou:
O café é tão grave, tão exclusivista, tão definitivo
que não admite acompanhamento sólido. Mas eu o driblo,
saboreando, junto com ele, o cheiro das torradas-na-manteiga
que alguém pediu na mesa próxima.