DE OUTROS CARNAVAIS
De origem pagã, o carnaval é uma herança de comemorações realizadas na Antiguidade
por povos como os egípcios, hebreus, gregos e romanos. Esses festejos serviam
para celebrar grandes colheitas e louvar divindades. Muitos entendidos dizem que o termo vem de outra expressão
latina: carnem levare, que significa
“retirar ou ficar livre da carne”. Na Idade Média, essas velhas
festividades pagãs foram incorporadas pela Igreja Católica, passando a marcar
os últimos dias de “liberdade” antes das restrições impostas pela Quaresma.
Nesse período de penitência - durante os 40 dias antes da Páscoa - o consumo de
carne era proibido. No Brasil, o carnaval tem influência do “entrudo”, folia de
origem portuguesa de onde veio o costume das “guerras de água”, muitas vezes
com direito a lama, laranjas, ovos e limões-de-cheiro, entre outros. Outra
tradição do Carnaval é o hábito de homens se vestirem com trajes femininos. A
explicação está na própria psicologia da festa, um espaço de inversão, em que
se busca ser exatamente o que não se é no resto do ano.
Hoje o carnaval é uma grande marca da cultura
brasileira. Virou mais “marca” do que Carnaval, atraindo turistas,
industrializando Escolas de Samba e roubando a pureza e a alegria natural dos
velhos tempos. Brincar Carnaval, ontem e hoje, ainda é deixar-se levar
pelas cores, pelo ritmo, pela alegria. É vestir-se de forma bizarra; é
mascarar-se para surpreender e provocar risos; é dançar e pular no asfalto,
atrás dos carros de som que dão o tom da animação.
Eu gosto da euforia carnavalesca, tanto dos salões quanto
das ruas. Penso que se fantasiar, gritar, dançar, pular é uma catarse
obrigatória que nos liberta de certos disfarces que a vida gregária nos obriga
ostentar depois de toda quarta-feira de cinzas. Então, eu vou botar meu bloco
na rua. Eu, por mim, “queria isso e aquilo, um quilo mais daquilo, um grilo
menos nisso, é disso que eu preciso ou não é nada disso... Eu quero é todo
mundo nesse carnaval”. E não me venha fazer jejum na Quaresma, querer dar uma de
santo, que eu já te conheço de outros carnavais.