sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

NINHO VAZIO

Quando se é mãe, se amamenta, se cria, se educa, acostumamo-nos com as crias sob nossas asas. Vamos cuidando e protegendo, estendendo ao máximo esta ligação.
Mas chega o dia que é preciso e salutar romper o vínculo. Uns filhos saem de casa aos poucos, vão trabalhar, estudar, mas continuam morando próximos ou junto dos pais. Outros são mais radicais, fazem mochila e se mandam pelo mundo; outros vão ficando até terminar estudos, arranjar trabalho, poder se sustentar, até casar... Permanecem porque é cômodo e até porque as mães adoram e vão alimentando esta estadia prolongada, aos moldes das ‘mamas’ italianas, ao contrário do modelo americano.
Nunca tinha pensado muito nisso, embora sempre ouvisse falar. Mas quando a situação se apresenta na nossa realidade é que tomamos consciência do sentimento que é ver os filhos voarem do ninho. Principalmente quando o filho é único.
As mães passam a sofrer da síndrome do ninho vazio. Uma falta da presença dele (a) por perto; uma saudade de vê-lo (a) chegar suado (a) da rua, do seu chamado ‘manhê o que tem pra comê’, ou ‘cadê minha toalha?’. E agora de quem vai se cuidar? Da nossa vida, talvez. Um pouco mais de nós que ficamos nos esquecendo neste longo período de exercício da maternidade.
Embora sabendo que o voo é salutar para o crescimento, maturidade e independência deles, sentimos incerteza e angústia por não saber se os seus projetos vão se edificar. Um ‘não sei o quê de não sei o quê’. Algumas mães devem achar bobos estes sentimentos difíceis de explicar, mas tão intensos no sentir. Mas sei que muitas mães que já passaram por isso compreendem do que se trata. E nessas horas é sempre bom ouvir as experiências de outras mães, que nos ouçam, acalmam, dão o ombro. Tenho pensado em criar um CMNV (clube de mães de ninho vazio), para encontros de terapia coletiva. Quem se habilita a participar? Vou estudar como criar o regulamento.
Enquanto isso vai se exercitando o ritual de “deixe-os ir”. Faz parte da ritualística soltar um barquinho no mar, plantar uma árvore, flores, organizar uma horta, fortalecer nossa fé.  Eu comecei mudando as plantas de lugar. Assim, vamos deixando o papel de mãe, uma forma importante e catártica de ajuda-los seguir em frente.

O importante é que a base do ninho permaneça sólida. E se as avezinhas precisarem executar um voo de emergência saberão onde pousar. 

6 comentários:

  1. Mana, me emocionei e vc sabe porque nè?? De nós duas, eu fui a primeira a viver essa experiência. É tudo muito louco mas necessário quando se trata da independência e carreira de nossos filhores. Bjus no seu coração. Amo vc Mana querida.

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    1. Pois é mana, estamos sofrendo a síndrome juntas. Obrigada pelo carinho e pela visita. Tamo!

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  2. Boa noite querida...
    Isso é uma grande verdade. Assim como as avezinhas saberão onde pousar na emergência, certamente levarão um boa base para sobreviver (Como você colocou no texto).

    Bjãããããooooooooooo...

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  3. Assim como você tem muitas outras mães com o 'ninho vazio'. Acho que muitas encontrariam conforto num CMNV.Ótima ideia.
    Daqui a pouco vc vai estar bem perto do seu filhote. Deus proverá! :)
    Beijo no coração..

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    1. Oi querida Kati. Pois é, vou promover um 'encontro prévio' com estas 'mães abandonadas' (risos) pra ouvir opiniões e receber ajuda para fundação da 'ong CMNV'. Tu podes colaborar na ajuda terapêutica (kkk). Obrigada pela visita e pelo carinho. Tamo!

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