SUBINDO
A LOMBA
A
vida é uma lomba. Ou, a vida é feita de lombas. Desde criança, até hoje, escalo
muito. Quando comecei o ensino primário, e isso já faz um bom tempo, descia e
na volta da escola, subia, em torno de dois quilômetros por uma trilha íngreme,
cheia de matos, macegas e medos.
Agora,
sempre que volto da academia, subo mais ou menos um quilômetro de lomba. E numa
dessas subidas vinha pensando, quanto eu já lombeei nesta vida. E não só eu,
vocês que estão me lendo, também. A maioria! Senti-me cansada, pesada. Deve ser
porque não tenho mais vinte e poucos
anos e quarenta e poucos quilos. Vim subindo em ziguezague, pra caminhada ficar
menos custosa. Na metade da lomba, parei e olhei para trás. Havia feito um bom
pedaço, mas ainda faltava outro tanto pra chegar em casa. Segui no meu ritmo, pensativa
das coisas da vida.
Nossa
caminhada por este chão às vezes é plana, limpa, descomplicada. Noutras vezes, o
percurso é escarpado, cheio de sarças e frinchas. Difícil! À medida que a vida
segue, vamos perdendo a força física, mas com a experiência aprendemos a
driblar as adversidades. Como por exemplo, caminhar em ziguezague numa lomba. Parar no meio da etapa e tomar um gole d’agua
ajudam muito; ter a consciência maina, também, porque quando a consciência está
maciça, o peso é dobrado. No caminho encontramos pessoas de todo gênero, sempre
buscando o mesmo que nós: trajetórias fáceis. Mas como cantava Raul Seixas ‘é
de batalhas que se vive a vida’. E subir lombas tá no pacote.
Mas
eu quero uma folga destas tantas subidas na minha vida. Tenho sede de mar e
planícies. Quero ar fresco e sombra. Se eu mereço, não sei, mas querer é meu
direito. E enquanto sonho com oceanos e várzeas continuo a marcha, quebrando
esquinas, atravessando atalhos.
Parabéns Dena. Excelente texto. Também sonho com um lugar plano, com água em volta, para poder andar de bicicleta. Beijos.
ResponderExcluirOi Mana, também quero planícies e mar, muito mar, olhar pro infinito e esquecer as lombas da vida.
ResponderExcluirBJUSSSS