ZONA CENTRAL
Ontem fui ao centro da nossa capital.
Costumo postergar minhas idas, acumulando compromissos e tarefas que sou
obrigada a fazer naquela região. Assim quando vou faço tudo de uma vez só, que
é pra não ter que voltar tão cedo.
Mas desta vez fui com mais tempo e
calma. O suficiente para observar e sentir tudo o que se passava ao meu redor e,
choquei! O nosso centro está feio e sujo, mal cuidado, cheio de ambulantes de
todo tipo, vendendo de tudo em qualquer lugar. Tá virado numa zona, no sentido
mais pejorativo da palavra. Parece não haver mais regularização nem restrição. Até
feirinha de frutas e verduras tem no chão de várias esquinas. E pra completar o
caos, como estamos em véspera de eleições, a cada metro quadrado um cabo
eleitoral oferecendo panfletos, santinhos, colinhas e bandeirolas. Gritaria,
ruído, zoeira! Pontos de ônibus sempre lotados, na hora do pico as filas se arrastam
calçada afora. Vê-se rostos cansados, peles suadas, olhos perdidos, expressões
indignadas. Porto Alegre não é mais ‘Horizontes’ como cantava Kleiton e Kledir
nos anos 80: ‘Há muito tempo que ando nas ruas de um porto não muito
alegre e que, no entanto, me traz encantos e um pôr-do-sol me
traduz em versos, de seguir livre muitos caminhos, arando terras,
provando vinhos; de ter ideias de liberdade e ver amor em todas
as idades’.
Há
vinte e poucos anos quando me mudei do interior pra capital, sentia e respirava
a beleza dessa Porto Alegre cantada em versos. Agora sinto minha querida Porto cinza
e mal cuidada. A violência desenfreada, é um câncer que deixa o povo
desassossegado. No centro a ordem é apertar a bolsa entre os braços, andar ligeiro
e atento, ou de preferência não carregar bolsa nenhuma.
Nas imediações
do Mercado Público e na Voluntários, final de tarde é uma balbúrdia. Todos apressados,
correndo, se esbarrando. Uma neurastenia coletiva.
Respiro
e procuro a beleza dentro deste rebuliço. Há muito pra se admirar; a graciosidade
é perene e o encantamento se esconde por trás da desarrumação. Quem sabe os
novos gestores eleitos possam exumar a Porto Alegre extraviada e trazer de
volta a cidade que tem um jeito legal. A cidade que ‘me faz tão sentimental’. E
poderei, então, cantar sem receio: ‘Não diga a ninguém, Porto Alegre me tem; não
leve a mal, a saudade é demais; é aqui que eu vivo em paz’.
...Faz tempo que a nossa cidade está assim, não apenas o centro....
ResponderExcluirMssssss... Nós temos que fazer essa correção....
Que tristeza!!!! Quem diria que poderia chegar a esse ponto!!!! Pelo jeito os responsáveis por manter a ordem não estão fazendo nada, LAMENTÁVEL !!!!!
ResponderExcluir